quinta-feira, 24 de abril de 2014

Voltei pra Brasília e a vida tem transcorrido de maneira fácil... Eu tenho perdido um pouco do controle, confesso! Tenho me permitido pequenas paixões, amores platônicos, amizades verdadeiras... Eis aqui a história dos meus primeiros dois amores brasilienses... Desobedecendo a ordem cronológica contarei duas histórias que um dia me farão rir, mas por enquanto são duas histórias de amor, amor platônico, paixão impossível...
P, meu professor de salsa, tem encantado meus dias com sua dança, passeado pelos meus sonhos e aumentado meu desejo pelo impossível. Às vezes no meio da aula ele me toca, me abraça e me diz com o maior carinho do mundo que eu vou aprender melhor. Sou péssima dançarina, mas isso tem me rendido atenção especial, abraços e olhares carinhosos... Certo dia, no final da aula, ele segurou minhas mãos enquanto me dizia que eu precisava perder o medo de dançar, que precisava ficar firme na hora de girar e me deixar ser guiada, mas naquela hora era o meu mundo que girava, ele me guiava nos meus pensamentos e eu só conseguia sorrir, retribuindo o sorriso mais lindo que já vi aqui em Brasília. Não estou exagerando quando digo que o sorriso dele é o mais bonito... Sabe aquelas pessoas que sorriem com o corpo inteiro, ou melhor, que sorriem com a alma? O P é uma dessas pessoas! Ele ilumina tudo quando sorri, quando sorri e dança tão naturalmente que faz a gente querer ouvir salsa pro resto da vida (faz 3 semanas que só escuto salsa o tempo inteiro). Mas querer o Pedro é tão impossível quanto querer o brilho da lua só pra mim! Eu ainda não mencionei um detalhe crucial para o desenrolar da minha paixão brasiliense: O Pedro é gay! E eis aqui uma pessoa que entende o drama desse tipo de paixão! Não é a primeira vez, nem será a última, tenho certeza! Kkk Mas passemos à minha segunda paixão: O F, ah o F!
Nós juntos somos duas crianças, sempre brincando, brigando... nossas conversas parecem dar tão certo, tudo flui naturalmente. Quando estamos juntos o tempo passa rápido e leve que eu até perco a noção de tudo... Esses dias estávamos voltando pra casa juntos, brincando, naquele clima de quem quer ficar perto mas não faz ideia do motivo. Quando já estávamos chegando ele de repente me pôs no colo e me levou até em casa assim. Tudo que eu queria prolongar aquele momento pela noite inteira, só pra ficar perto dele....
 Quando penso no Felipe lembro da frase de uma música “meu riso é tão feliz contigo” e sorrio por que isso descreve completamente o que somos juntos... Pra terminar, o Felipe é aquele cara que daria certo em tudo, tudo mesmo... Mas sempre tem um detalhe e nesse caso é uma namorada da qual ele é completamente apaixonado...

Esse é apenas um pequeno capítulo da minha história em Brasília, qualquer hora eu volto aqui pra falar das pessoas que têm passado pela minha breve estadia aqui... Eu tenho encontrado pessoas lindas e pessoas que tenho certeza que saíram direto de um livro/filme para tornar os meus dias mais interessantes...
Sobre Brasília...


Já morava em Brasília quando certa vez ouvi a frase “Brasília é uma prisão ao ar livre!" Pensei um pouco e aquilo não fez muito sentido pra mim (fora o sentido real da frase, claro!). Hoje me dei conta de que tipo de prisão essa frase me toca... Estar em Brasília é viver constantemente em uma liberdade assustadora, mas os sentimentos, esses sim estão presos, calados, guardados e até esquecidos. Quando chega-se aqui é quase palpável esse despir de sensações... felicidade, amor, saudade... tudo fica guardado em segurança para ser devolvido quando você conseguir (decidir ) ir embora, quase como uma caixa de Pandora, mas que você não ousa abrir...
Os rostos, as vozes e os momentos vão desaparecendo da sua memória imperceptivelmente e quando você se dá conta o seu coração desacelerou de uma forma extraordinária... São cores diferentes, ritmos diferentes, sons diferentes... você ouve até a sua própria voz! Tudo em câmera lenta...

Lembro que da última vez que voltei pra João Pessoa, quando vi, ainda do céu, tantas luzes brilhando eu senti meu coração acelerar muito, eu mal podia esperar para ver tudo! Os lugares, as pessoas... tudo! Eu as queria todas de uma vez, como se elas acabassem de surgir na minha mente e eu nunca tivesse sentido uma necessidade tão grande de (re)conhecê-las. Na verdade, era como se elas nunca tivessem existido de verdade. Eram personagens de um livro qualquer e eu estava prestes a entrar na história e representar o papel principal.
Quando finalmente coloquei os pés no chão, Brasília estava distante de uma forma tão grande que eu poderia afirmar que tudo não havia passado de um sonho estranho...

Agora estou de volta à minha prisão e ainda não consigo respirar ao ar livre. Embora prisioneira de mim mesma tudo transcorre na mais perfeita liberdade. Voltam as cores, as luzes... tudo com aquele certo ar de novidade.
Eu volto ao meu papel, não mais protagonista, mas figurante, compondo uma grande cena onde também me chamo Andréa, mas isso não faz o menor sentido, aqui eu poderia ser o quisesse, quem quisesse e ainda assim não seria...
Agora que estou aqui, todo o resto da minha vida também parece distante de uma forma tão grande que eu poderia afirmar que tudo não passou de outro sonho estranho...

Algumas vezes eu estou nos cenários de uma forma tão comum que chego a pensar se não sou mesmo personagem de um filme, um pouco Mônica, um pouco Bia, um pouco Clarisse... mas nada disso me incomoda realmente, aqui nada me incomoda realmente. Eu caminho sobre uma fina camada de gelo e a única coisa que me move é a certeza de que se eu parar o gelo quebra...e eu me afogo...

Faltou dizer que essa ausência de realidade fora de mim não é negativa, muito menos a ausência temporária desses sentimentos...
Eu ando começando a entender a vida em câmera lenta, a gostar das cores do cerrado... eu ando aprendendo a amar platonicamente... eu ando me brasiliando... (kkk)